terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

O Anúncio

Isidro estava nervoso. As palmas das suas mãos suavam.
"Com um camandro!" pensou, sem verbalizar (Isidro gostava de expressar cada palavra no seu todo sem apóstrofos, mesmo no seu pensamento, não optando pelo vulgar "c´um").
Já fazia 6 meses que namorava Caetana e ambos sabiam para o que iam. Esta também denotava algum nervosismo, pois o eyeliner especial que tinha comprado na véspera ja tinha desbotado com o suor, ficando a um passo do ridículo, mas ainda antes da fronteira, no "um pouco foleiro".
Tocaram á campainha. Cremilde, mãe de Caetana, foi quem surgiu.
- Olha olha, os pombinhos! - grunhiu, qual porca, enquanto ajeitava a sua saia jocosa para com o bom senso. Já estava alcoolizada.
Entraram ambos, atordoados pelos vários familiares de ambas as famílias que os cumprimentavam sofregamente. O tio de Isidro, o senhor Estanislau, até chegou a dar uma boa palmada na nádega de Caetana, ao que esta berrou "Ora deves... qués ver, não...", ao que ele ripostou "Ó magana!.... Ai não, não...óriops!"
Isidro fingiu não ver este episódio, ou então não viu mesmo, tal era o seu pânico.
O jantar correu normalmente, com o pai de Caetana a monopolizar. O seu tema preferido era a tropa, e como "tinha tirado as penas a um pato mantendo-o vivo, para depois o mergulhar em caramelo e deixá-lo ir, enquanto se ria com os seus camaradas, principalmente o Gildásio porque os outros.. eram comunistas de certeza!".
Na sobremesa, Isidro apercebeu-se. "É já ou nunca" pensou, ignorando os conselhos do seu cérebro de que um "agora" era mais apropriado que um "já". Olhou nos olhos de Caetana que o percebeu e lhe acenou com um sorriso aprovador. Tilintou a colher no copo, pedindo a atenção.
A mesa parou. Todos desconfiavam do que se ia passar e observaram-no expectantes. Apenas o avô Januário continuava esfregando compulsivamente o mamilo olhando para o cão Biscoito mas a avó Marcela logo acabou com aquele festival. Era solene, a ocasião.
Isidro balbuciou:
- Bem... já sabem...que a modos que... eu e a ´tana...
- Caetana, caneco! - sibilou Caetana que gostava que as coisas fossem feitas com rigor, caraças.
- ...eu e a Caetana, aliás... já andamos a modos que... há coisa de 6 meses....
Toda a gente o observava com ansiedade. Até o cão Biscoito tinha parado de lamber o orgão reprodutor.
- Pá, e é pa dizer que, tipo... vimos aqui os dois anunciar que pá, que é tipo do género... vamos acabar!
O júbilo! A festa! O champagne! A ejaculação do Biscoito!
As famílias estavam radiantes! Há muito tempo que se detestavam e finalmente foi desatado o nó! Isidro fez um último brinde com a sua mais recente ex-namorada Caetana, moça de olhos verdes que já só pensava naquele fabuloso barman da noite passada que tinha tido um pequeno acidente com uma garrafa gaseificada...

4 comentários:

The Abo disse...

muito bom

Anónimo disse...

eu não sei se há alguma vantagem em trocar um Isidro por um Osório, mas ainda assim.. :/
mas que manancial de descrições neste texto!
nutri particularmente carinho pela personagem da xô dona Cremilde :)

Ads disse...

Então o Osório faz asneira e ainda leva a miuda...tááááá bem!
E sim, grande atenção ao pormenor...muito bom "xôr Afonso", vou-lhe adicionar um "+" na caderneta ;)

Anónimo disse...

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